Milhões de brasileiros não têm acesso à
cultura da leitura crítica transformadora e as crianças fazem parte desse
contingente. Os pais desses infantes, na maioria das vezes, não dispõem
de recursos suficientes para aquisição de diversas ferramentas para leitura,
dentre elas, o próprio livro. E ainda se tem uma escola que trabalha a
leitura de forma mecânica, tradicional, excludente e elitista, favorecendo aos
interesses das classes dominantes. Uma escola cujo papel é de dividir os
alunos decifradores e leitores onde quem decifra é conduzido a produzir, em
contrapartida, os que leem ao saber e ao poder como afirma Foucambert (1994).
Portanto, essas lacunas no acesso à
leitura tornam-se um desestímulo ao ato de ler. Várias pesquisas sobre
leitura provam que crianças que têm pais que leem para elas conseguem fazer
dessa atividade um prazer, no entanto, além da falta de recursos, os pais não
têm tempo disponível para tal prática.
Além do mais, as
crianças, na contemporaneidade, estão, cada vez mais, desinteressadas pela
leitura devido aos apelos da televisão, entre outros veículos de massa que,
além de alienar, prejudicam o desempenho e a criatividade dessas crianças.
Portanto, compete à família e à escola
buscar possibilidades de acesso à leitura, incentivando o interesse pela
leitura como ferramenta para entender o mundo, ou seja, uma leitura
significativa que explore a escrita de uma maneira não-linear, com outros
sentidos e várias formas de ler como afirma Foucambert, dando à criança uma
bagagem muito maior de conhecimentos e motivação à sua imaginação e
criatividade.
A sala de aula ainda é um espaço
privilegiado para o desenvolvimento do gosto pela leitura. Nela poderá surgir
futuros autores, escritores, artistas e bons leitores se a leitura for um
momento de criação, em que o aluno sinta prazer em ler uma história sem
encará-la como uma tarefa a mais a cumprir, ou como uma decodificação sem
significados.